Terapia de casal

É muito comum olharmos para nossa relação conjugal somente após anos de entrega total, quando já se perderam as identidades ou, em alguns casos, a relação já está muito machucada. Geralmente um dos parceiros busca a ajuda profissional enquanto ainda acredita que exista os ingredientes mínimos que alimentam a relação, sendo eles, o amor e a vontade de continuarem firmes em família. Vale lembrar que todo “relacionamento”, sem exceção é construído, produzido, fabricado dia após dia, semana após semana, mês após mês e ano após ano. E que a famosa e bem difundida “família margarina”, só acontece em televisão.
Podemos relatar muitos tópicos que contribuem com o casamento, que alimenta por anos uma relação quando colocados em prática, por exemplo, fazer o bom uso da “comunicação”; cada um deve desenvolver a capacidade de falar e ouvir atentamente a quem se ama. Outro fator importante é observar e ter a capacidade de se colocar no lugar no outro, desenvolver a tão conhecida empatia, e ter coragem de se perguntar: “Se fosse eu, como gostaria de ouvir esta resposta?”. Com o passar dos anos não se demonstra mais os afetos, uma carícia, por menor que seja faz uma grande diferença, não basta dizer que se gosta, é necessário demonstrar este gostar.
Muito comum é um ajudar o outro na relação em seus sonhos e objetivos, entrega-se durante um período muito grande para ajudar o outro na carreira, na construção de um negócio deixando seus sonhos encaixotados e quando acorda, o mais prejudicado é a relação, sonhar e ajudar a construir cada um o seu sonho é de fundamental importância para alimentar o relacionamento. Outra falha grande na relação é discutir por pequenos motivos, coisas de pequena importância que vão se transformando em discussões maiores, os casais têm a grande mania de com o passar do tempo, serem menos “tolerantes” com seus parceiros. “Será mesmo que discutir por deixar um copo sujo na pia tem tanta importância em anos de relacionamento”?
Ser impulsivo e acreditar que este espaço de impulsividade foi permitido pelo outro é um tópico muito frustrante, quando agimos impulsivamente corremos o grande risco de magoar alguém. Respire fundo, analise a situação e seja “assertivo e não agressivo” com seu cônjuge, não tenha a necessidade de magoar o outro. Muitas vezes os casais fazem das pequenas discussões batalhas gigantescas que um dos dois precisa a qualquer custo ganhar a guerra. O desejo de mostrar que se tem razão é sobreposto a tudo. Esquecem que vivem juntos, que deveriam ser aliados e não inimigos, muitas vezes debaixo do mesmo teto, influenciando os filhos.
A cada dia, viver a dois se torna um desafio, estamos muito distraídos ou demasiadamente ocupados com nossas profissões e tarefas do dia a dia. Muitos casais deixam de funcionar como casal e transformam-se em amigos que dividem uma casa, filhos e contas. Outro momento, dividem tarefas e não se preocupam ou perguntam como o outro está desenvolvendo suas obrigações. Vejo muitos casais que deixam “as contas” para um dos lados e nem sequer sabem quando vence as contas mais pesadas do lar. Perguntar, se interessar pelas responsabilidades do outro é uma forma de carinho e atenção e cultiva o amor no relacionamento.
Palavras duras, agressividade verbal e até “palavrões”, podem fazer parte de um relacionamento doente, respeitar e amar o cônjuge é de fundamental importância para uma vida duradoura juntos, dificilmente consegue-se manter uma relação feliz e estável sem o “respeito”. Muitos casais esquecem que motivar o outro e encorajar diante a novos projetos e desafios é muito importante. Não critique e não minimize assuntos que o outro tanto precisa para se considerar realizado. A vida íntima do casal também é sem dúvida um dos pontos de grande relevância. Muitos casais com problemas relatam dificuldade no tocante a “frequência e necessidade sexual” que enfrentam. O diálogo é a base fundamental para curar esta ferida.
Familiares, parentes e amigos quando estão frente a um relacionamento com problemas por quererem ajudar o casal acabam se envolvendo na vida alheia, ter esta consciência é de fundamental importância para não receber conselhos errados e principalmente não abrir aos outros os problemas de cunho do casal, além do que, após o momento difícil, tudo o que foi falado a outras pessoas ficará com elas. Selecione bem a informação a transmitir. Uma regra de ouro é buscar a individualidade perdida após a união, filhos e problemas, cada ser é único e possui vontades e desejos próprios. Converse com seu cônjuge e permitam-se ter um tempo, um dia e façam atividades que gostavam de realizar antes de se casarem, que não interfira no relacionamento, ter cada um o seu tempo é uma questão de respeito e amor ao próximo. Estas e outras questões sobre a vida a dois são de cunho extremamente importantes, estamos à disposição para lhe atender.

Eduardo Nogueira
Psicanalista.

No Comments

Post A Comment